Fazendeira solitária de 70 anos mantém agricultura de 1850 em Vermont, usa cavalos de tração para abastecer 20 famílias e prova que pequenos sistemas ainda podem alimentar comunidades inteiras.Fazendeira solitária de 70 anos mantém agricultura de 1850 em Vermont, usa cavalos de tração para abastecer 20 famílias e prova que pequenos sistemas ainda podem alimentar comunidades inteiras.

Enquanto a fazendeira solitária de 70 anos recusa tratores, plásticos e químicos, a pequena propriedade nas colinas de Vermont usa cavalos de tração, solo leve e composto para produzir cenouras, batatas, feijões e ovos que alimentam, com regularidade, cerca de 20 famílias locais, mesmo sob clima instável e verões chuvosos

Em pleno século XXI, a fazendeira solitária de 70 anos Suzanne Lupien conduz o dia a dia da sua pequena fazenda nas colinas de Vermont como se ainda estivesse em 1850. Sem tratores, sem plástico e sem químicos, ela depende apenas de cavalos de tração, ferramentas manuais e do próprio corpo para manter a produção de alimentos ativa.

Numa rotina em que o consumo de eletricidade é mínimo, a fazendeira solitária de 70 anos organiza o calendário de plantio, colheita e manejo de animais para alimentar cerca de 20 famílias com verduras, raízes, grãos, ovos e conservas. Cada decisão passa pela leitura do solo, do clima e do comportamento dos cavalos, numa agricultura de proximidade em que o erro não é estatística, mas impacto direto na despensa de quem depende daquela terra.

A última fazenda tradicional nas colinas de Vermont

Fazendeira solitária de 70 anos mantém agricultura de 1850 em Vermont, usa cavalos de tração para abastecer 20 famílias e prova que pequenos sistemas ainda podem alimentar comunidades inteiras.

Na região em que a mecanização domina a paisagem, a propriedade de Suzanne é tratada como uma espécie de sobrevivente de outro século.

A fazendeira solitária de 70 anos mantém uma fazenda que opera, na prática, com a lógica de 1850, em que tudo é decidido em torno da força dos cavalos, da qualidade do composto e da capacidade humana de observar.

Em vez de motores a diesel, são as éguas Sandy e Penny que avançam pelos talhões, puxando cultivadores, grades e rolos.

Não há barulho de trator, apenas comandos curtos, repetidos, e o som dos arreios em movimento. O tempo de trabalho é o tempo dos animais: parar, recuar, alinhar, girar.

O ritmo da fazenda é ditado pelo passo dos cavalos, não pela marcha de uma máquina.

Rotina de campo: cavalos no lugar de tratores

Fazendeira solitária de 70 anos mantém agricultura de 1850 em Vermont, usa cavalos de tração para abastecer 20 famílias e prova que pequenos sistemas ainda podem alimentar comunidades inteiras.

Antes de qualquer fileira de cenoura ser cultivada, Suzanne precisa vencer a primeira etapa do dia: atrelar corretamente a parelha.

O processo é minucioso. Ajusta-se correia, corrige-se a posição, pede-se que a égua recue meio passo, avança um pouco, estabiliza o conjunto diante do equipamento.

Só então a fazendeira solitária de 70 anos entra no campo, guiando o cultivador entre linhas de cenouras, feijões, cebolas e beterrabas.

Ela compara o trabalho dos cavalos a um pente passando pelos cabelos da lavoura, fila após fila, eliminando ervas daninhas e quebrando a crosta superficial do solo.

Em cerca de meia hora, um meio acre é cultivado, o equivalente a uma semana de capina manual.

Ao final, Suzanne conduz Sandy e Penny de volta ao estábulo, remove o equipamento e oferece feno e cenouras do próprio jardim como recompensa.

O cuidado com o arreio, a escovação e a alimentação é parte da jornada de trabalho: sem cavalos saudáveis, não há tração, nem plantio, nem colheita.

Planejamento de safra para alimentar 20 famílias

A fazenda não é vitrine romântica, mas uma unidade produtiva com metas claras. A fazendeira solitária de 70 anos precisa garantir diversidade e volume suficientes para abastecer 20 famílias, mesmo com um ano de chuvas excessivas e clima instável.

O plano de cultivo inclui:

Um bloco de milho para engorda, ainda que sob risco de ataque de guaxinins e ursos, o que exige cercamento e vigilância constante

Faixas de cenoura, beterraba e espinafre de ciclo curto, para aproveitar janelas de solo em melhor condição

Tomates em estufa, com cerca de 50 plantas, protegidas das variações bruscas de temperatura

Cerca de 20 montes de abóbora delicata sob cobertura orgânica, garantindo calor e umidade regulada

Um campo central principalmente destinado a batatas, propositalmente plantadas mais tarde e irrigadas

Um campo de fundo dividido entre feijão seco e cenouras, com flexibilidade para ampliar a área de cenoura caso o feijão atrase demais

A cenoura é tratada como cultura estratégica, considerada por Suzanne a principal vocação daquele solo.

Se necessário, parte do plano é sacrificada para priorizar cenouras, que respondem bem à textura da terra e têm alta aceitação entre as famílias atendidas.

Solo de “veludo tridimensional” e impacto ambiental

Ao descrever o efeito de anos de manejo com cavalos de tração, composto e adubação orgânica, Suzanne afirma que caminhar sobre o campo preparado é como pisar em “veludo tridimensional”.

A imagem resume a estrutura que ela busca: solo fofo, aerado, com boa porosidade e atividade biológica intensa.

Como não há trator compactando o terreno, cada passada dos cavalos é equilibrada por períodos de descanso e por coberturas vegetais.

O ar entra, a água infiltra, a matéria orgânica se decompõe de forma mais uniforme.

Ainda assim, a fazendeira solitária de 70 anos sabe que precisa compactar levemente o solo antes de plantar, para restabelecer a capilaridade e garantir que a água suba às raízes. Para isso, utiliza um rolo puxado pelos mesmos cavalos.

Na prática, o sistema reduz erosão, melhora infiltração e quase elimina a dependência de insumos externos.

O custo é outro: tempo, força física e absoluta atenção ao detalhe, já que qualquer erro no manejo do solo compromete uma safra inteira e o abastecimento das famílias.

Filosofia de vida: experimento diário de humildade

Para Suzanne, a fazenda não é apenas um negócio, mas um experimento contínuo. Ela admite que, ao sair de manhã com os cavalos, nunca tem garantia de que o plano do dia será cumprido.

Um animal pode mancar, uma roda pode se soltar, uma tempestade pode chegar mais cedo, e um campo inteiro precisa ser replanejado.

A fazendeira solitária de 70 anos descreve a rotina como um exercício permanente de humildade: ter um objetivo, mas aceitar que ele talvez não seja alcançado.

Atrelar, conduzir e cuidar dos cavalos sem saber se o equipamento vai resistir ou se a chuva vai interromper o trabalho torna-se uma espécie de treinamento psicológico.

Ela defende que esse tipo de agricultura forma pessoas mais pacientes, menos materialistas e mais filosóficas.

Dar tudo de si, todos os dias, sem garantia de resultado, é, para ela, o antídoto contra a lógica de consumo imediato que domina o mundo fora da fazenda.

Velhice ativa, galinhas na cozinha e futuro da fazenda

Apesar dos 70 anos, Suzanne mantém uma agenda que muitos adultos jovens não conseguiriam acompanhar.

Entre campos, estábulo e galinheiro, o dia se divide em tarefas que exigem força física, coordenação e planejamento.

Ela faz questão de registrar que não é um estilo de vida leve, mas um modo de vida que ainda faz sentido para ela.

As galinhas, que circulam próximas à casa, fazem parte dessa equação. Funcionam como companhia, reciclam sobras da cozinha e fornecem ovos de forma constante.

Na visão da fazendeira solitária de 70 anos, envelhecer num lugar assim significa continuar útil, produtiva e intelectualmente ativa, em vez de se afastar do trabalho rural.

Se chegar aos 80, ela imagina viver no mesmo cenário: cavalos no campo, galinhas perto da cozinha, hortas bem alinhadas e um solo que responde à dedicação de décadas.

O desafio real não é técnico, mas sucessório: quem estará disposto a assumir, no futuro, uma fazenda que exige presença diária, habilidade com cavalos e compromisso com um modelo de 1850 em pleno século XXI?

A história de Suzanne mostra que uma única fazendeira solitária de 70 anos ainda consegue, com cavalos e ferramentas tradicionais, manter viva uma agricultura de baixa emissão e alta complexidade técnica, abastecendo famílias inteiras com alimentos cuidadosamente produzidos.

Se histórias como essa ajudam a repensar o que comemos e como produzimos, vale observar com mais atenção os pequenos produtores à nossa volta e o que estamos dispostos a apoiar.

Você compraria alimentos de uma fazendeira solitária de 70 anos que cultiva como em 1850, mesmo que isso significasse pagar um pouco mais caro para manter esse tipo de agricultura viva?

Autor

  • Bruno Teles

    Falo sobre tecnologia, inovação, automotivo e curiosidades. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro.
    Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil.
    Alguma sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *